Após me
despedir de uma colega de curso e atravessar o farol da Rua Bela Cintra,
presenciei uma cena que me chamou atenção.
Manifestantes
fecham rua na Av. Paulista com saída próxima a Estação da Consolação e atacam
verbalmente motoristas que aguardavam o sinal para prosseguirem seus trajetos.
Com jargão um
pouco confuso, esses manifestantes (que aparentavam idade não superior a 25
anos) falavam sobre condução e “busão”. Não entendi bem a expressão, pois assim
como muitos que ali transitavam pela Paulista, eu estava preocupado apenas em
ir para minha casa.
Taxistas com
passageiros assustados, motoqueiros, transportes de entrega e pessoas dentro de
seus carros tinham um único objetivo, atravessar a Avenida Paulista e seguirem
seus caminhos. Poucos motoristas conseguiam furar o bloqueio. Resultado,
aqueles que não conseguiam passar pela manifestação voltavam de ré na rua e por
pouco não causavam abalroamentos de
carros.
Observei que um
dos manifestantes se direcionava de forma exaltada para um passageiro, que
estava no banco de traz de um veículo de marca importa japonesa, dirigida por pessoa com aparência
de meia idade e acompanhada no banco de carona por uma senhora também de meia
idade. O manifestante se aproximava do carro dizendo para aquele passageiro,
que estava no banco de traz e se manifestava contra aquele ato, que ele era “um
burguesinho que estava dentro de um carro importado e que não se importava com
as questões sociais”.
Observando aquela
cena, fiquei pensando, quem não esta se importando com quem?
Quem esta
invadindo o direito de quem? Desculpe, mas dos manifestantes que lá estavam, com
suas camisetas de grifes, creio que poucos sabem o que é o labor da vida.
E ai vem a
hipocrisia da situação, ter um carro importando, ou morar em um bairro mais
elitizado, muitas vezes significa o fruto da conquista pessoal que alcançamos
ao longo da nossa vida. Muitos de nós trabalhamos não apenas para sobreviver,
mas sim viver. Queremos conquistas e tê-las significa muito para o nosso desenvolvimento,
moral e espiritual. Estar na meia idade, e ter um carro importado, não
significa desprezo aos assuntos sociais e nem ostentação. Pois essa pessoa pode
ter trabalhado muito na vida e trazer em seu corpo/rosto as marcas vindas das dificuldades e das vitorias.
Enquanto
aqueles que dizem que estão lutando por direitos, e aparentemente pertencentes
a uma boa classe social, com feição nutrida e provavelmente alunos de ótimas instituições
de ensino, que numa terça feira, por volta de 22h30minhrs., param um
determinado ponto da cidade, com o fomento de estarem lutando por direitos e interesses
sociais, provocam medo e insegurança nos cidadãos que lá precisavam estar.
Vi comerciantes
que se atentavam a todos os movimentos para se necessário fecharem seus
estabelecimentos, clientes que se apressavam para sair daquele local, mulheres
e adolescentes indo em desespero as entradas do metrô como se estivessem
buscando refúgio de guerra.
Assustados,
assim como eu, muitos pedestres e motoristas desviavam seus caminhos para
poderem prosseguir em paz para suas casas. De repente observasse correria,
gritos, helicópteros e sons estrondosos, era a PM chegando. Estabelecimentos
fechando as pressas, clientes assustados retornando do local que acabaram de
sair, casais seguindo em direção contrária aos seus destinos, carros saindo
acelerados na contra mão.
Senti naquele
momento uma vergonha moral por aquilo que presenciei. A hipocrisia.
Excelente post Dr.!
ResponderExcluirRss... Obrigado doutora..
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